terça-feira, julho 28, 2009

Convosco: Deolinda!

Aproveito para dizer antes de lerem, se é que alguém vai ler na integra, que esta letra é mointo linda PONTO.
Eu tenho um melro que é um achado

De dia dorme, à noite come e canta o fado.

E lá no prédio ouvem cantar

Já desconfiam que eu escondo alguém para não mostrar.


Eu tenho um melro lá no meu quarto

Não anda à solta, porque se ele voa cai sobre os cactos.

Cortei-lhe as asas para não voar

Ele faz das penas lindos poemas para me embalar.


Eu tenho um melro que é um prodígio

Não faz a barba, não faz a cama, descuida o ninho.

Mas canta o fado como ninguém

Até me gabo que tenho um melro que ninguém tem.


Eu tenho um melro

(que é um homem)

Não é um homem

(quem há-de ser)

É das canoras, aves aquela que mais me quer.


(deve ser homem)

Ah pois que não

(então mulher)

Há-de lá ser

é só um melro com quem dá gosto adormecer.


Melro, melro

e nesse caso se alguém te agarrar

diz que não andas sozinho e és esperado noutro lado.


Melro, melrinho e se por acaso alguém te prender

Não cantes mais um fadinho, não me queiras ver sofrer.

E não voltes mais,

que estas janelas não as abro nunca mais.


E não voltes mais

Que a tua gaiola serve a outros animais

1 comentário:

Sof disse...

Eu sabia que ninguém ia lereeeeeeeee